Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Pedro Salinas - O Poema ‎

O poeta espanhol confidencia o quanto é árdua a sua tarefa de redigir poemas, a implicar ameaças de fracasso, muitas lutas com as ideias e as palavras, noites em claro, bastante azáfama, até que, por fim, eles se lhe revelam com todo o seu sereno esplendor.

São eles compostos com o que de mais desanuviado há no mundo – uma rosa, uma pedra, um pássaro, as coisas primordiais –, permitindo-se lapidar o quanto se queira, para que venham a cintilar com o todo o seu brilho, alçados a uma zenital transparência.

J.A.R. – H.C.

Pedro Salinas
(1891-1951)

El poema

Y ahora, aqui está frente a mí.
Tantas luchas que ha costado,
tantos afanes en vela,
tantos bordes de fracaso
junto a este esplendor sereno
ya son nada, se olvidaron.
Él queda, y en él, el mundo,
la rosa, la piedra, el pájaro,
aquéllos, los del principio,
de este final asombrados.
iTan claros que se veían,
y aún se podia aclararlos!
Están mejor; una luz
que el sol no sabe, unos rayos
los iluminan, sin noche,
para siempre revelados.
Las claridades de ahora
lucen más que las de mayo.
Si allí estaban, ahora aqui;
a más transparência alzados.
iQué naturales parecen,
qué sencillo el gran milagro!
En esta luz del poema,
todo,
desde el más nocturno beso
al cenital esplendor,
todo está mucho más claro.

Buquê de Flores
(Paul Cézanne: pintor francês)

O Poema

E agora, ei-lo aqui à minha frente.
Tantas lutas que custou,
tantas fadigas em claro,
tantas ameaças de fracasso
junto a este sereno esplendor
já nada são, foram esquecidas.
Mas ele permanece, e nele, o mundo,
a rosa, a pedra, o pássaro,
aqueles, os do princípio,
surpreendidos com este final.
Tão claramente se mostravam,
e poderiam ser aclarados ainda mais.
Melhor aqui estão; uma luz
que o sol não conhece, alguns raios
os iluminam, sem noite,
para sempre revelados.
As claridades de agora
cintilam mais que as de maio.
Se ali estavam, agora aqui;
alçados a uma maior transparência.
Quão naturais parecem,
quão simples o grande milagre!
Sob a luz do poema,
tudo,
desde o mais noturno beijo
ao zenital esplendor,
tudo está muito mais claro.

Referência:

SALINAS, Pedro. El poema. In: __________. Aventura poética: antologia. Edición de David L. Stixrude. 10. ed. Madrid, ES: Cátedra, 2010. p. 229. (“Letras Hispánicas”)

Nenhum comentário:

Postar um comentário