Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

William Butler Yeats - Morte

Publicado em “The Winding Stair and Other Poems” (“A Escada em Caracol e Outros Poemas”), de 1933, este poema de Yeats relaciona-se à morte de seu amigo Kevin O’Higgins, político de origem irlandesa – como o próprio Yeats –, ocorrida em 10 de julho de 1927.

Expressa o poeta a constatação pura e simples de que, ao contrário dos animais, nós, seres humanos, somos conscientes de nossa mortalidade, utilizando-nos dela, muitas das vezes, para convertê-la em obras de arte de valor, em vista da dor e do abatimento que suscita.

Yeats reporta-se, do mesmo modo, às inúmeras mortes simbólicas pelas quais passamos em vida, apenas para nos renovar e podermos continuar a lida, este que é um dos muitos significados atribuídos à morte, além do convencional, é claro, envolto em exéquias, rituais e lamentos.

J.A.R. – H.C.

W. B. Yeats
(1865-1939)

Death

Nor dread nor hope attend
A dying animal;
A man awaits his end
Dreading and hoping all;
Many times he died,
Many times rose again.
A great man in his pride
Confronting murderous men
Casts derision upon
Supersession of breath;
He knows death to the boné –
Man has created death.

A Morte de Sócrates
(Jacques-Louis David: pintor francês)

Morte

Um bicho à morte ignora
ânsia e temor; contudo
um homem, quando é hora,
anseia e teme tudo;
morreu vezes sem conta
e ergueu-se redivivo.
Um grande homem confronta
gente homicida, altivo,
escarnecendo o corte
do alento. Convivera
com a morte a vida inteira:
o homem criou a morte.

Referência:

YEATS, William Butler. Death / Morte. Tradução de Nelson Ascher. In: ASCHER, Nelson (Tradução e Organização). Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1998. Em inglês: p. 104; em português: p. 105. (Coleção “Lazuli”)

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