Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 3 de setembro de 2017

Sylvia Plath - Limite

Este poema sinistramente belo, escrito por Plath pouco antes de sua morte, alude ao mito grego em que Medeia, traída por Jasão, mata os filhos havidos dessa relação, como forma de se vingar do marido infiel.

Não há como se deixar de perceber o estado fatigado das imagens e palavras empregadas pela poetisa, que, no limite, somente é capaz de enxergar o epílogo de sua própria existência, haja vista que finda já estava a sua relação com o também poeta Ted Hughes.

O resto é a sua própria biografia: Plath não chegou ao limite extremo de Medeia, pois não matou os dois filhos que teve com o poeta, Frieda e Nicholas, senão a si própria, na manhã fatídica do dia 11 de fevereiro de 1963.

J.A.R. – H.C.

Sylvia Plath
(1932-1963)

Edge

The woman is perfected.
Her dead

Body wears the smile of accomplishment,
The illusion of a Greek necessity

Flows in the scrolls of her toga,
Her bare

Feet seem to be saying:
We have come so far, it is over.

Each dead child coiled, a white serpent,
One at each little

Pitcher of milk, now empty.
She has folded

Them back into her body as petals
Of a rose close when the garden

Stiffens and odors bleed
From the sweet, deep throats of the night flower.

The moon has nothing to be sad about,
Staring from her hood of bone.

She is used to this sort of thing.
Her blacks crackle and drag.

Rosas Carmesins
(Renee Lammers: artisa norte-americana)

Limite

A mulher alcançou a perfeição.
Seu corpo

Morto exibe o sorriso da realização,
A ilusão de uma necessidade grega

Flui pelas dobras de sua toga,
Seus pés

Nus parecem dizer:
Chegamos tão longe, eis o fim.

Cada criança morta e enfaixada, qual serpente branca,
Uma para cada pequena

Jarra de leite, agora vazia.
Ela as abrigou

De volta em seu corpo como pétalas
De uma rosa crispada, quando o jardim

Se enrijece e aromas sangram
das doces e profundas fauces da flor noturna.

Não tem a lua motivos para entristecer-se,
Espreitando desde o seu capuz de osso.

Ela está acostumada com esse tipo de coisa.
Suas trevas crepitam e desgarram-se.

Referência:

PLATH, Sylvia. Edge. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 378-379.

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