Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A. R. Ammons - Ele Ostentava uma Luz Radical

Este é um poema de Ammons com significado intrigante: aparentemente o poeta se refere a um homem incisivo em seus pensamentos e propósitos. Um músico, decerto, a criar melodias muito distintas das que se costumam ouvir com frequência.

E apesar de seu perfil incomum, de surpreendentes ideias e criações, pretende ele mostrar-se como os seus pares, sem transcendências ou imanências, um normal entre normais – e neste ponto tem-se a impressão de que o eu lírico expressa o fardo do próprio poeta!

J.A.R. – H.C.

A. R. Ammons
(1926-2001)

He Held Radical Light

He held radical light
as music in his skull: music
turned, as
over ridges immanences of evening light
rise, turned
back over the furrows of his brain
into the dark, shuddered,
shot out again
in long swaying swirls of sound:

reality had little weight in his transcendence
so he
had trouble keeping
his feet on the ground, was
terrified by that
and liked himself, and others, mostly
under roofs:
nevertheless, when the
light churned and changed

his head to music, nothing could keep him
off the mountains, his
head back, mouth working,
wrestling to say, to cut loose
from the high unimaginable hook:
released, hidden from stars, he ate,
burped, said he was like any one
of us: demanded he
was like any one of us.

O Violinista
(Cândido Portinari: pintor paulista)

Ele Ostentava uma Luz Radical

Ele ostentava uma luz radical
como música em seu crânio: a música
dava voltas, assim como
se elevam as imanências da luz crepuscular sobre
os cumes, regressando
pelos sulcos de seu cérebro
à escuridão, onde atroava,
irrompendo de novo
em longas e ondeantes volutas de som:

a realidade pouco pesava em sua transcendência,
motivo por que
tinha problemas para manter
os pés no chão, e isso
o aterrorizava, levando-o
a proteger-se, tanto quanto aos outros, de preferência
sob tetos:
no entanto, quando a
luz se agitava e convertia a

sua cabeça para a música, nada poderia mantê-lo
distante das montanhas, sua
cabeça para trás, os lábios ativos,
lutando para falar, para desprender-se
do alto e inimaginável gancho:
liberado, oculto às estrelas, comia,
arrotava, dizia que era como qualquer um
de nós: reivindicava que fosse
como qualquer um de nós.

Referência:

AMMONS, A. R. He held radical light. In: POULIN JR., A. (Ed.). Contemporary american poetry. 6th. Ed. Boston, MA: Houghton Mifflin Company, 1996. p. 3-4.

Nenhum comentário:

Postar um comentário