Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 8 de junho de 2016

William Butler Yeats - O Segundo Advento

Com uma forma meio profética de enunciação, Yeats expressa suas preocupações com o espírito coletivo da humanidade. Depois de vinte séculos de sono pétreo, a esfinge prepara-se para um novo advento, a partir de Belém, onde Cristo teria nascido.

Durante esse lapso de dois milênios, aconteceu que “aos melhores falta qualquer convicção, enquanto que os piores estão cheios de ímpeto apaixonado”. Moral da história: somente um novo “salvador” para nos resgatar da ruína!

Aliás, não poderia me furtar a associar tal passagem do poema de Yeats, à situação pela qual ora o Brasil passa: os sujeitos que deveriam estar nos representando no Parlamento, por sua honra e ciência, lá não estão. Muito pelo contrário: o Congresso Nacional está infestado por corruptos, velhacos, indignos do posto que ocupam. Até quando?!

J.A.R. – H.C.

W. B. Yeats
(1865-1939)

The Second Coming

Turning and turning in the widening gyre
The falcon cannot hear the falconer;
Things fall apart; the centre cannot hold;
Mere anarchy is loosed upon the world,
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.

Surely some revelation is at hand;
Surely the Second Coming is at hand.
The Second Coming! Hardly are those words out
When a vast image out of Spiritus Mundi
Troubles my sight: somewhere in sands of the desert
A shape with lion body and the head of a man,
A gaze blank and pitiless as the sun,
Is moving its slow thighs, while all about it
Reel shadows of the indignant desert birds.
The darkness drops again; but now I know
That twenty centuries of stony sleep
Were vexed to nightmare by a rocking cradle,
And what rough beast, its hour come round at last,
Slouches towards Bethlehem to be born?

In: “Michael Robartes and the Dancer” (1921)

Os Quatro Evangelistas
(Grace Carol Bomer: pintora canadense)

O Segundo Advento

Rodando e rodando no giro que se alarga
O falcão não pode ouvir o falcoeiro;
Tudo se desagrega; o centro não consegue se sustentar.
Pura anarquia está solta pelo mundo,
Está solta; a maré manchada de sangue; e por toda parte
A cerimônia da inocência é afogada;
Aos melhores falta qualquer convicção, enquanto que os piores
Estão cheios de ímpeto apaixonado.

Com certeza alguma revelação é iminente;
Com certeza o Segundo Advento é iminente.
O Segundo Advento! Tão logo emergem essas palavras.
Uma gigantesca imagem vinda do Spiritus Mundi
Turva a minha visão: em algum lugar nas areias do deserto
Uma forma com corpo de leão e cabeça de homem,
Olhar fixo e vazio e implacável como o Sol,
Move lentamente suas coxas; enquanto por todo o seu redor
Rodopiam as sombras dos violentos pássaros do deserto.
Cai de novo a escuridão, mas agora eu sei
Que vinte séculos de sono pétreo
Foram perturbados até o pesadelo por um berço embalador,
E que a rude fera, chegando afinal a sua hora,
Se arrasta rumo a Belém para nascer?

In: “Michael Robartes e o Dançarino” (1921)

Referências:

Em Inglês

YEATS, William Butler. The second coming. In: __________. The collected poems by W. B. Yeats. Revised 2nd edition. Edited by Richard J. Finneran. New York, NY: Collier Books − MacMillan Publishing Company, 1989. p. 187.

Em Português

YEATS, William Butler. O segundo advento. Tradução de Anita Moraes. In: CAMPBELL, Joseph. Para viver os mitos. Tradução de Anita Moraes. São Paulo, SP: Cultrix, 2006. p. 73.

2 comentários:

  1. Os humanos desconfiados vão continuar em guerra. A felicidade será ludibriada pela alegria. A vida no planeta vai continuar pobre, oprimida e doente. A chave da felicidade continuará sendo a santidade. A esperança, a exclusivo critério dos Céus, é uma luz de total não beligerância entre os humanos. O desfecho final quando Deus será tudo em todos e em todas as coisas está em marcha nestes últimos tempos. E este termo de tudo não se dará sem que haja uma última investida de todas as forças e potências do mal. E até lá a carne vai continuar revolta com o espírito. Nesta rebeldia, o secularismo continuará inconsciente, imponente, orgulhoso, prepotente, suntuoso, seduzido pelas tentações de poder e gozo e de consequências trágicas. Naquele tremendo e glorioso dia, porém, não perguntaremos mais nada!...:)

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  2. A multiplicidade a procura como forma adequada quem sabe como vai ser o final a ilusão se perpetua sabemos que vamos moŕrer somos marcados mas não sabemos qdo então viver a vida

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