Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 12 de maio de 2014

William Butler Yeats - O Gato e a Lua

Sobre felinos, não poderia faltar a poesia “The Cat and the Moon”, do irlandês e Nobel de Literatura em 1923, William Butler Yeats; ela que, com suas imagens e efeitos, tanto inspira a galera que aprecia o “Halloween”!

O poema de Yeats é bastante sugestivo, quando associa comportamentos humanos a entidades tão distintas quanto um gato e a lua. Gato e lua são quase como que amantes – gato-homem versus lua-mulher –, numa influência bidirecional: se ele se move, ela rodopia; se há frieza no clarão do satélite, sobe a “temperatura” sanguínea do animal; há interesse do felino em ensinar à lua um novo passo de dança, distinto daqueles da corte (de onde provavelmente ela terá vindo); e o trânsito da lua pelas suas quatro fases é capaz de alterar a forma da pupila do bichano, que persiste em seguir-lhe o movimento.

Se num cenário de escuridão noturna, no qual o gato fica quase indistinto – afinal, seu pelo é negro –, a única fonte de luz é a lua, Freud concluiria que a mulher exerce o domínio de pleno direito nessa relação (rs)!

J.A.R. – H.C.

W. B. Yeats
(1865-1939)

The Cat and the Moon

The cat went here and there
And the moon spun round like a top,
And the nearest kin of the moon,
The creeping cat, looked up.
Black Minnaloushe stared at the moon,
For, wander and wail as he would,
The pure cold light in the sky
Troubled his animal blood.
Minnaloushe runs in the grass
Lifting his delicate feet.
Do you dance, Minnaloushe, do you dance?
When two close kindred meet.
What better than call a dance?
Maybe the moon may learn,
Tired of that courtly fashion,
A new dance turn.
Minnaloushe creeps through the grass
From moonlit place to place,
The sacred moon overhead
Has taken a new phase.
Does Minnaloushe know that his pupils
Will pass from change to change,
And that from round to crescent,
From crescent to round they range?
Minnaloushe creeps through the grass
Alone, important and wise,
And lifts to the changing moon
His changing eyes. 



O Gato e a Lua

Daqui para ali o gato se movia
E a lua girava como um pião,
E o mais próximo parente da lua,
O furtivo gato, contemplava o céu.
O negro Minnaloushe admirava fixamente a lua,
Pois, flanando e miando como gostava,
A pura e fria luz no céu
Conturbava o seu sangue animal.
Minnaloushe corre pela erva
Erguendo as delicadas patas.
Você dança, Minnaloushe, dança?
Quando dois parentes se encontram
Haverá coisa melhor do que dançar?
Talvez a lua possa aprender,
Cansada dessa moda cortesã,
Um novo passo de dança.
Minnaloushe se arrasta pela erva
De um lugar enluarado a outro,
E a sagrada lua nas alturas
Adentra uma nova fase.
Saberá Minnaloushe que suas pupilas
Passarão de mudança em mudança,
E que da lua cheia à minguante,
Da minguante à cheia elas variarão?
Minnaloushe se arrasta pela erva
Sozinho, importante e sábio,
E ergue até a lua em transição
Seus olhos sob mudança.

Referência:

YEATS, William Butler. The cat and the moon. In: __________. The collected poems of W. B. Yeats: 1889-1939. p. 165-166. Disponível neste endereço. Acesso: 3 mai 2014.
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